quinta-feira, 30 de maio de 2013

Caminhar ou pedalar até a escola melhora desempenho estudantil

 Nada de carro e ônibus. Um estudo divulgado recentemente, elaborado por pesquisadores da Universidade de Granada, Universidade Autónoma de Madrid e Universidade de Zaragoza, todas na Espanha, mostrou que os adolescentes que vão à pé para a escola (caminhando pelo menos 15 minutos por dia) apresentam melhor rendimento cognitivo em relação àqueles que utilizam ônibus ou carro. O estudo avaliou 1.700 jovens entre 13 e 18 anos (808 meninos e 892 meninas) de cinco cidades espanholas.
Os autores concluíram que os alunos que caminham 15 minutos, em relação aqueles que não o fazem, melhoram o desempenho escolar porque o exercício, além de se tornar um hábito saudável e diário, estimula suas funções cognitivas. Isso contribui para que se tornem mais ativos no restante do dia e, consequentemente, em sala de aula.
Na adolescência a plasticidade do cérebro é maior do que qualquer outro período da vida, por isso, é importante estimular atividades físicas nessa fase. “Os adolescentes que não praticam exercícios, como caminhar ou pedalar, acabam tendo menos estímulos, que são necessários para melhorar sua aprendizagem e desempenho acadêmico”, disseram os investigadores da pesquisa ao ABC.es.
Para chegar a essa conclusão, os investigadores estudaram variáveis ​​relativas ao deslocamento dos jovens até a escola, como ir à pé, carro, ônibus, moto, entre outros, e quanto tempo gastavam. Além das variáveis ​​antropométricas – como o índice de massa corporal, o percentual de excesso de peso e obesidade. Avaliaram também as atividades extracurriculares realizadas pelos estudantes, assim como os dados socioeconômicos e o grau de escolaridade dos alunos e de suas famílias.
Em seguida, para medir o desempenho cognitivo desses alunos, os pesquisadores usaram a versão de um teste espanhol que mede a proficiência na língua, a velocidade em realizar cálculos matemáticos e capacidade de raciocínio.

De bicicleta

A pouco mais de 2.500 km de distância da Espanha, outra pesquisa realizada em 2012 por pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, revelou que as crianças que vão à pé ou de bicicleta à escola se mostravam com mais concentração na realização de tarefas escolares.
O estudo analisou cerca de 20 mil crianças, de cinco a 19 anos, e concluiu que ao caminhar ou pedalar ao local onde estudavam, as crianças apresentavam mais facilidade, em comparação àquelas que iam de automóvel, de montar um quebra-cabeça, por exemplo.
Segundo os pesquisadores, as boas implicações da caminhada ou pedalada perduram nas crianças por até quatro horas depois do exercício físico. Ainda de acordo com a pesquisa aquelas que não vão de carro ou ônibus têm uma relação mais íntima com os arredores dos bairros onde vivem, já que os conhecem melhor as paisagens do que aqueles que pegam caronas com seus pais. Isso permite, por exemplo, que, ao longo dos anos, as crianças e os jovens não se tornem tão dependentes dos automóveis.

domingo, 19 de maio de 2013

Ler o que o Corpo Produz



Ao interpretar esportes, jogos, lutas e danças, a turma consegue entender como essas manifestações se inserem na cultura e cria diferentes maneiras de adaptá-las ao ambiente escolar.



http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/ler-corpo-produz-525659.shtml

Problemas da Vida Sedentária


A atividade física regular é essencial para o controle do peso
e a boa saúde física e mental.


sábado, 18 de maio de 2013

A Importância dos Alongamentos

Patrícia Bressan Gennari.

 O que é o alongamento?


Alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o seu comprimento. O principal efeito dos alongamentos é o aumento da flexibilidade, que é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação. Quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por aquele músculo e, portanto, maior sua flexibilidade.
Segundo Bruna Joaquim Carneiro, professora de educação física e nutricionista, o alongamento é uma prática fundamental para o bom funcionamento do corpo, proporcionando maior agilidade e elasticidade, além de prevenir lesões.
Essencial para o aquecimento e relaxamento dos músculos, deve ser uma atividade incorporada ao exercício físico, mas também pode ser praticado sozinho.
Qualquer pessoa pode aprender a fazer alongamentos, independentemente da idade e da flexibilidade, segundo Bruna Caneiro mesmo quem apresenta algum problema específico, como LER ou hérnia de disco também pode fazer alongamentos, mas com menos intensidade. Não é preciso grande condição física ou habilidades atléticas.
Os alongamentos podem ser feitos sempre que se sentir vontade, uma vez que relaxam o corpo e a mente.
Quando feitos de maneira adequada os alongamentos trazem os seguintes benefícios:
-reduzem as tensões musculares;
-relaxam o corpo;
-proporcionam maior consciência corporal;
-deixam os movimentos mais soltos e leves;
-previnem lesões;
-preparam o corpo para atividades físicas;
- Ativam a circulação.
No caso de estudantes eles podem ser feitos até no intervalo das aulas, o alongamento ajuda na respiração, facilitando a circulação sanguínea o que aumenta o raciocínio.

Como deve ser feito?

A respiração é fundamental: quando se respira fundo aumenta-se o relaxamento muscular. É a respiração que dá o ritmo ao exercício e por isso deve ser lenta e profunda.
Deve-se respeitar os seus limites. Forçar o alongamento pode causar lesões nos músculos e tendões. Não se preocupe em alongar até ao limite. Aos poucos você vai ganhar flexibilidade.
Regularidade e relaxamento são ingredientes obrigatórios para um bom alongamento. Aprenda a introduzi-lo em sua rotina. É possível alongar enquanto se faz outras coisas como ler ou ver TV.
Os alongamentos conseguem esse resultado por aumentarem a temperatura da musculatura e por produzirem pequenas distensões na camada de tecido conjuntivo que revestem os músculos.

Por que fazer alongamentos?


Tanto uma vida sedentária, como a prática de atividade física regular intensa, em maior ou menor grau, promovem o encurtamento das fibras musculares, com diminuição da flexibilidade. Quanto à atividade física, esportes de longa duração como corrida, ciclismo, natação, entre outros, fortalecem os músculos, mas diminuem a sua flexibilidade.
 Nos dois casos, a conseqüência direta desse encurtamento de fibras é a maior propensão para o desenvolvimento de problemas em ossos e músculos. Provavelmente, a queixa mais freqüente encontrada tanto entre sedentários, como entre atletas, é a perda da flexibilidade provocando dores lombares, por encurtamento da musculatura das costas e posterior das coxas, associado a uma musculatura abdominal fraca.
Com a prática regular de alongamentos os músculos passam a suportar melhor as tensões diárias e dos esportes, prevenindo o desenvolvimento de lesões musculares.

Quando alongar?

É importante alongar adequadamente a musculatura antes e também depois de uma atividade física. Isso prepara os músculos para as exigências que virão a seguir, protegendo e melhorando o desempenho muscular. Pela sua facilidade de execução, a maioria dos alongamentos pode também ser feitos, praticamente, a qualquer hora. Ao despertar pela manhã, no trabalho, durante viagens prolongadas, no ônibus, em qualquer lugar. Sempre que for identificada alguma tensão muscular, prontamente algum tipo de alongamento pode ser empregado para trazer bem estar.

Como alongar?

Antes de tudo, é importante aprender a forma correta de executar os alongamentos, para aumentar os resultados e evitar lesões. Inicie o alongamento até sentir uma certa tensão no músculo e então relaxe um pouco, sustentando de 30 á 40 segundos, voltando novamente à posição inicial de relaxamento. Os movimentos devem ser sempre lentos e suaves.
            O mesmo alongamento pode ser repetido, buscando alongar mais o músculo evitando sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada alongamento, o músculo pode ser contraído por alguns segundos, voltando a ser alongado novamente. Bruna Carneiro ressalta que o ideal é combinar a prática do alongamento a uma atividade aeróbica, como, por exemplo, a caminhada.


Disponível em:  http://www4.faac.unesp.br/pesquisa/nos/mexa_se/alongamentos/imp_alongamentos.htm

BRINCAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA COM QUALIDADE...DE VIDA!

Heraldo Simões Ferreira*

 INTRODUÇÃO

Este estudo visa responder questionamentos que fizemos no decorrer de nossa vida como professor de educação física escolar, mais precisamente na educação infantil. Constatamos durante 15 anos de experiência na educação infantil, tanto em escolas particulares como em escolas da rede pública de ensino, que grande parte dos objetivos de uma consecução de qualidade de vida (QV) entre crianças escolares se
dá através da atividade lúdica, dos jogos e das brincadeiras (prática da educação física infantil).

 A revisão de literatura nos confirmou que existe uma grande escassez de pesquisas envolvendo qualidade de vida na infância (SABEH e VERDUGO, 2000), pois os títulos, quando encontrados, são superficiais e não englobam a percepção de qualidade de vida dentro do ponto de vista das próprias crianças. Segundo Verdugo e Sabeh {2002}, citando Gerhaz (1997), isso se deve ao fato do estudo de qualidade de vida com crianças ser muito mais complexo do que com adultos.

 Em recente pesquisa realizada por Dantas et al. (2003), observou-se que, de 53 estudos envolvendo dissertações de mestrado, teses de doutorado e livre-docência de universidades públicas de São Paulo envolvendo o tema qualidade de vida, somente um destes envolvia crianças. Também foi afirmado que apenas dezesseis pesquisas investigaram qualidade de vida com indivíduos saudáveis.

As pesquisas sobre qualidade de vida com adultos têm progredido, porém os estudos com crianças ainda não. Prebianchi (2003) cita que em uma revisão de literatura internacional, Schmitt e Koot (2001) identificaram que dos 20.000 artigos sobre qualidade de vida publicados nos anos de 1980 à 1994, apenas 3.050 reportavam-se à crianças.

Como foi afirmado por Prebianchi (2003: 59):

é um direito da criança ter padrões de qualidade de vida adequados as suas necessidades físicas, mentais e de desenvolvimento social, o respeito a esse direito é fundamental, pois contribui com o bem estar do indivíduo na vida adulta. Quando os padrões de vida supracitados são desrespeitados ou desconhecidos devem ser realizadas pesquisas que se interessem pelas medidas da população infantil.

Mas, como podemos afirmar que, ao brincar a criança pode estar contribuindo para a aquisição de uma boa qualidade de vida? Para tal questionamento, devemos esclarecer o que vem a ser qualidade de vida.

SAÚDE, EDUCAÇÃO FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998,b: 36):

As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas às abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar.

Assim é correta a afirmação que ambas as abordagens possuem objetivo comum: promover uma qualidade de vida favorável.

A Educação Física é um processo de Educação em Saúde, seja por vias formais ou não formais, pois ao promover uma educação efetiva para a saúde e uma ocupação saudável do tempo livre de lazer, constitui-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo e em conseqüência favorece a obtenção de qualidade de vida.

Segundo o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2002), o profissional de Educação Física é um especialista em atividades físicas, nas suas mais diversas manifestações, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento físico corporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem estar, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda para a consecução da autonomia, auto-estima, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações pessoais, da preservação do meio ambiente, visando enfim a consecução da qualidade de vida.

Portanto a Educação Física deverá ser conduzida como um caminho de desenvolvimento de estilos de vida ativos pelos brasileiros, para que possa contribuir para a qualidade de vida da população.

Na educação infantil, a educação física utiliza-se de jogos e brincadeiras como um poderoso instrumento para auxiliar o desenvolvimento das crianças, seja no plano motor, afetivo ou cognitivo com a finalidade de promover um estilo de vida ativo e saudável, conduzindo a uma qualidade de vida satisfatória.

QUALIDADE DE VIDA.

A ideia que compartilhamos é a de que qualidade de vida é um termo que representa uma forma de explicar subjetivamente o que é viver bem, estar satisfeito ou feliz consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. O fator principal que a determina é sem sombra de dúvidas o bem estar físico, mental e social.

 Porém não é fácil conceituar qualidade de vida, pois este termo ainda não foi estabelecido e também não tem sido empregado corretamente (Silva, 1998, apud Silva et al, 2000). Além disto, a definição de qualidade de vida não é aceita universalmente, gerando discussões acerca desta temática.

 Seidl e Zannon (2004: 581) citam Campbell (1976, apud Awad & Voruganti, 2000: 558), que na década de 70, explicitou as dificuldades de conceituar o tema qualidade de vida: "qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém necessariamente sabe o que é". Esta citação feita há mais de 34 anos nos demonstra às controvérsias sobre o conceito do tema em questão.

 Concordamos com Minayo e colaboradores (2000: 8), quando atesta que qualidade de vida é:

 uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, social e na própria estética existência. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a eles se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural.
 Segundo o Grupo para Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL, 1993), a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto sócio-cultural em que vive é condição sine qua non para o alcance da qualidade de vida.

 Assumpção e colaboradores (2000) citam que Shin & Johnson (1978), afirmam que a qualidade de vida para ser atingida, depende da satisfação de desejos individuais, auto-realização e uma compensação satisfatória consigo mesmo e com os outros.

 Ainda destacam Jenney & Campbel (1977), que criticam a falta de definições no meio acadêmico e científico para a qualidade de vida.

 Os mesmos autores também utilizam as idéias de Bradlyn et al. (1996) que define qualidade de vida como multidimensional, não se resumindo ao aspecto social, físico e emocional, mas também que estes aspectos sirvam de parâmetro às alterações que ocorram durante o desenvolvimento. Também fazem referência a Eiser (1997), que observa a grande diferença entre o que é qualidade de vida "infantil" dentro da visão de um adulto e de uma criança.

Uma definição bem clássica é de 1974, onde Seidl e Zannon (2004: 582) mencionam Andrews (apud Bowling, p. 1448): "qualidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados".



 A QUALIDADE DE VIDA E O BRINCAR.

 A respeito do assunto, MASLOW (1973), citado por APPLEY & COFER (1976) hierarquiza as necessidades do homem, afirmando que a necessidade posterior só é realizada quando a anterior estiver satisfeita. Os tipos de necessidades citados pelo referido autor são por ordem de importância: necessidades fisiológicas, de segurança, de afeição, de auto-estima e de auto-realização.

Seguindo a idéia de MASLOW (1973), a criança deve primeiramente satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança, pra a partir daí satisfazer suas necessidades relacionadas com a afetividade, a estima e a realização de objetivos. Portanto, para as crianças, após cumprirem suas necessidades fisiológicas básicas (respirar, locomoção, alimentação, entre outras) e suas necessidades de segurança (aqui é incluído a moradia), os outros fatores de necessidades podem ser adquiridos através da brincadeira.

 Através do ato de brincar a criança pode satisfazer seus desejos, sejam de ordem afetiva, relacionada à estima ou a realização de objetivos e finalidades. Durante a prática lúdica, a criança exercita suas capacidades de relacionamento, aprende a ganhar, a perder, opor-se, expressar suas vontades e desejos, negociar, pedir, recusar, compreende que não é um ser único e que precisa viver em grupo respeitando regras e opiniões contrárias; enfim, adquire afeição. Brincando educa sua sensibilidade para apreciar seus esforços e tentativas, o prazer que atinge quando consegue finalizar uma tarefa (montar um quebra-cabeça ou pegar o colega) faz com que se sinta realizada por atingir uma meta, levando-a a auto-estima. A brincadeira desafia a criança e a leva a tingir níveis de realização acima daquilo que ela pode conseguir normalmente.

 Para reforçar este entendimento, AUSUBEL, NOVAK & HANESIAN (1980, p. 217) colocam como fatores primordiais para uma boa qualidade de vida os seguintes fatores (em ordem de aquisição):

 Conservar a vida (subsistência);

 Manter a segurança (conforto);

 Conseguir o prazer (humor e diversão);

 Experimentar mudanças e novidades;

 Expandir o ego;

 Sentir auto-respeito.

 Mais uma vez observa-se que, a criança somente após atingir as condições de subsistência (necessidades fisiológicas) e de segurança, conseguirá partir para os outros fatores; e, novamente através da brincadeira, todos os outros itens podem ser atingidos, pois o prazer em brincar é indiscutível, a experimentação do novo vem com os desafios envolvidos nos jogos e brincadeiras infantis, a auto-estima e o auto-respeito também são facilmente realizáveis através do ato de brincar, pois como já foi citado, ao brincar a criança descobre seus limites, atinge metas e se realiza.

 A qualidade de vida pode ser conceituada como o grau maior ou menor de satisfação das carências pessoais, observando que a busca pela boa qualidade de vida consiste mais claramente em visar situações prazerosas, e menos em evitar aborrecimentos ou vivências problemáticas, e é isso o que a brincadeira reflete aos pequenos.

 Sabeh e Verdugo (2002) em sua busca de encontrar um instrumento de avaliação da percepção de qualidade de vida na infância realizaram uma categorização para detectar dimensões, baseado em modelos de qualidade de vida já construídos, especialmente o de Schalock (1997). As categorias são:

 1. Ócio e atividade recreativa: experiências de ócio, recreativas e de tempo livre como jogos, esportes, atividade física, televisão, vídeos, realizadas de forma individual ou em grupo;

 2. Rendimento: relacionado ao desempenho e aos resultados alcançados em atividades escolares ou esportivas;

 3. Relações inter-pessoais: interação positiva ou negativa com e entre pessoas de seu meio. Aqui se inclui o vínculo com animais;

4. Bem-estar físico e emocional: estado físico e saúde da criança, de familiares e amigos;

 5. Bem-estar coletivo e valores: situações sociais, econômicas, políticas que a criança percebe de seu meio sócio-cultural, assim como em relação à valores humanos;

 6. Bem-estar material: consecução e relação com objetos, e a característica física dos ambientes em que vivem.

 Desta forma, a percepção infantil sobre qualidade de vida requer muitos fatores. As crianças são sujeitas à mudanças, sendo influenciadas por eventos cotidianos e problemas crônicos. Para as crianças bem estar pode significar o quanto seus desejos e esperanças estão próximos do que acontece.

O contexto sócio-econômico, o grau de instrução escolar, a participação dos pais, sua importância dentro do seu grupo de amigos, suas potencialidades física e mental são fatores que interferem claramente na definição de qualidade de vida pelas próprias crianças. Outro fato muito importante é o material, na infância os brinquedos e outros materiais lúdicos adquirem um fator condicionante à felicidade e, por conseguinte, a consecução da qualidade de vida.

 Observamos que nas categorias acima expostas de Sabeh e Verdugo (2002), o ócio e a atividade recreativa, é a dimensão onde o brincar está incluso, sendo, portanto, um dos fatores para a aquisição da boa qualidade de vida infantil.

 Assim, brincadeira ultrapassa de muito o prazer sinestésico, oferecido pela prática do movimento. Possibilita, de forma bastante eficaz, as diversas necessidades individuais, multiplicando assim, as oportunidades de se obter prazer e, conseqüentemente, otimizar a qualidade de vida.

                                                                 CONCLUSÕES

 Concluímos que o profissional de Educação Física deve preencher as necessidades de afeto, auto-estima e auto-realização das crianças num programa de atividades lúdicas, envolvendo aos jogos e brincadeiras em seu planejamento, não como um apoio auxiliar, mas como meta principal, pois a soma de prazer que uma criança obtém durante as atividades lúdicas em que exercita o corpo e a mente através da brincadeira, aprimorará sua qualidade de vida, potencializando o otimismo e reduzindo o nível de stress a que freqüentemente está submetida, independente de situações agradáveis ou desprazerosas enfrentadas ao longo do seu cotidiano.

 A bem das propostas defendidas neste trabalho, recomenda-se também ao profissional de Educação Física que transcenda a preocupação pelo excesso do tecnicismo nas aulas de educação física infantil, que se despreocupe com a freqüência cardíaca ou com o volume e a tonicidade muscular dos freqüentadores de atividades corporais orientadas. Aconselha-se, ao contrário, que ele aspire, sobretudo, a satisfazer as privações e as necessidades sócio-psicológicas de seus discípulos: manter-se-á, portanto, atento, (como lhe convém), ao grau de melhorias e renovações positivas concernentes à qualidade de vida dos membros do grupo a que atende.

 Referências

 1. ASSUMPÇÃO, F.D.Jr., et al. Escala de avaliação da qualidade de vida (Autoquestionnaire qualité de vie enfant imagé - AUQEI): validade e confiabilidade de uma escala de vida em crianças de 4 a 12 anos. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(10:119-127).

 2. APPEY, M. H. & COFER, C.N. Psicologia de la motivación. Mexico: Trillas, 1976.

 3. AUSUBEL, David p.; NOVAK, Joseph D. & HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. 2a ed. Rio de janeiro: Interamericana, 1980.

 4. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. SEF. Brasília, 1988.

 5. CONFEF, Conselho Federal de Educação Física. Carta Brasileira de Educação Física. Belo Horizonte, 2000.

 6. DANTAS, R.A.S., SAWADA, N.O., MALERBO, M.B., Pesquisa sobre qualidade de vida: revisão da produção científica das universidades públicas de São Paulo. Rev. Latino-am Enfermagem 2003 julho-agosto; 11 (4): 523-8.

 7. MINAYO, M.C.S., HARTZ, Z.M.A., BUSS, P.M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 5(1): 7-18, 2000.

 8. PREBIANCHI, H.B. Medidas de qualidade de vida para crianças: aspectos conceituais e metodológicos. Psicologia, Teoria e prática. Campinas, Ano 2003, v.5,n.1,55-70.

 9. SABEH, E.N, VERDUGO, M.A., Evaluación de la percepción de calidad de vida em la infancia. Psicothema, 2002, vol 14, n 1, pp. 86-91.

 10. SABEH, E.N., VERDUGO, M.A., Revisión critica del uso del concepto de calidad de vida em la infância. Manuscrito no publicado, Universidad de Salamanca, 2000.

 11. SEIDL, E.M.F; ZANNON, C.M.L.C. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde pública, Rio de Janeiro, 20(2):580-588, mar-abr, 2004.

 12. SILVA, M.G.N., NASPITZ, C.K., SALÉ, D. Qualidade de vida nas doenças alérgicas: Por que é importante avaliar? Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia. São Paulo, Vol 23, nº 6: 260-269, nov-dez, 2000.

 13. WHOQOL Group. Measuring quality of life: the development of the world Health Organization Quality of Life Instrument (WHOQOL). Geneva: World Health Organization, 1993.


 *Educador Físico, Mestrando em Educação em Saúde, UNIFOR (Fortaleza - Ceará)

Educação Física Escolar




A Educação Física é um componente importante na construção da cidadania, na medida em que seu objeto de estudo é a produção cultural da sociedade, da qual os cidadãos têm o direito de se apropriar. Neste sentido, entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma área/disciplina que introduz e integra o aluno nesta área da cultura, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
A Educação Física escolar deve considerar a diversidade como um princípio que se aplica à construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos.




http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2001/edf/edf0.htm